
“Hoje, o Quilombo vem dizer”
Entrando no trem na central, já se sentia um ambiente diferente, pois o povo naturalmente se reconhecia no olhar. Passando vagão por vagão, aparecia alguém com um rosto similar, jovem, negr@ e descontente. Todos unidos por um mesmo objetivo: “Fim do genocídio ao povo negr@”. Assim descendo na concentração (Estação de Maguinhos) foi a forma de unificarmos. Varias organizações sociais apoiando a II Marcha contra o genocídio do Povo Negro, um verdadeiro grito pela liberdade negra, uma forma de dizer basta as explorações e aniquilamento que o estado brasileiro proporciona.

Foto: Kátia Carvalho
No microfone, várias mulheres contando relatos de como o sistema opressor condena seus filhos, maridos ou familiares. Na Favela é assim, o fúzil do policial, que é ironicamente, na maioria das vezes um afrodescendente. Atira para logo saber quem foi morto. Isso construído por ideais históricos de perseguição de ser “preto ou preta” “Índio ou índia” “da capital ou do interior”.

Foto: Pablo Vergara
A UPP é um modelo de controlamento da insurgência popular, que já está sendo replicado por outros países do continente latino americano. Nestes, o padrão adotado é o genocídio paulatino da população em questão. Um continente que possui um povo de origens diversificadas, originários ou implantadas pelos modelos de dominação, mas todos submetidos pelas politicas de produção.

Foto: Edmilson de Lima
Assim podemos interpretar lutas e genocídios semelhantes a nível mundial, mas com diferentes impactos sociais. Recentemente o jovem Michael Brown morto nos EUA (9/08/2014) em Ferguson se tornou rapidamente um símbolo de luta para toda juventude Afro-Americana em Missouri, o governo americano mobilizou sua força nacional para controlar o inevitável levantamento popular. Na América Latina o Genocídio ao nosso povo, faz parte de um precedente histórico, dessa forma continuaremos vendo indígenas bolivianos sendo escravizados pelo agronegócio argentino, camponeses paraguaios subordinados pela milícia paralela ao governo, ou o genocídio aplicado com estado de sitio ao povo Mapuche na “Araucania” do Chile, e assim muitos exemplos ao longo do território latino americano.

Foto: Kátia Carvalho
Nesse contexto o II Grito da Marcha contra o genocídio do Povo Negro começou com uma mobilização comovida pelos relatos desgarradores de familiares, esses relatos marcados nas paredes furadas por balas e coloridas por saudações nas favelas Brasileiras. O primeiro grito foi claro e forte “Hoje o quilombo vem dizer, favela vem dizer, a rua vem dizer, que é NÓS por NÓS”. Mensagem que ecoou em todos os peitos dos presentes, pois a unificação na luta era ciente e verdadeira, lá não tinha grande mídia, só alguns veículos alternativos marcaram presença, assim já marchando pela favela de Manguinhos foi quando o mais forte grito “É NÓS por NÓS” ecoou.
Texto: Pablo Vergara
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